Impactos do elogio na educação infantil

Entenda como elogiar uma criança pode afetar no seu desenvolvimento

Olá! Sou Marina Elias, PhD em Arte Educação, Orientadora Parental e Professora de Teatro da Petite Danse. Será um grande prazer conversar com vocês neste blog incrível da Petite!

Para começar, quero esclarecer que a minha fala é direcionada tanto aos educadores de sala de aula como os da sala de casa. O tema de hoje, por exemplo, gera muitas dúvidas não só entre professores, mas também entre os pais. Quem nunca disse frases para uma criança como: “uau, ficou lindo!”, “olha que criança maravilhosa!” ou “você é um arraso!”. Dizemos essas coisas com o objetivo de incentivar a criança a ser cada vez mais dedicada e acreditar em si, não é?

Porém, estudos científicos mostram que elogios como esses podem causar o efeito contrário do que desejamos. Um estudo realizado na Columbia University pela Dra Carol Dweck, P.hD, comprovou cientificamente os elogios podem acarretar prejuízos importantes como o “vício” em aprovação externa, dificuldade em assumir desafios e a baixa autoestima, mesmo que a criança consiga realizar bem suas tarefas.

Então, na prática, como fazer? Não podemos elogiar mais? Calma, para tudo há uma solução!

Muito antes das neurociências começarem a investigar o elogio no desenvolvimento infantil, o psicólogo austríaco, Alfred Adler, precursor da Disciplina Positiva, falava sobre substituir o elogio pelo encorajamento. O problema não é o elogio em si, mas como ele é feito. 

Nossa professora de teatro, Marina Elias, separou 5 dicas para você trabalhar com elogios dentro da educação infantil

Então separei 5 dicas para você encorajar seus alunos ou filhos de maneira assertiva e ajudar no desenvolvimento do senso crítico, da autoestima e autovalor da criança:

1 – SEJA ESPECÍFICO

Evite elogios vazios. Ao invés disso, experimente valorizar o que a criança fez que pode ter ajudado no resultado final. Dessa forma ela saberá em que se apoiar quando o desafio aumentar.

Ao invés de: “Você é um arraso!”, experimente: “Vi como você estava concentrada!”

Ao invés de: “Era a bailarina mais linda no palco”, experimente: “O resultado de tanto ensaio foi evidente no palco!”

Ao invés de: “Que desenho maravilhoso!!”, experimente: “Uau, quantas cores no seu desenho!”  

 2 – EVITE EXAGEROS

Isso vale tanto para o que dizemos, quanto para como dizemos. Cuidado com superlativos e excessos na forma de falar, afinal, se a criança entende que já é perfeita, qual a motivação em continuar se dedicando? Aliás, estudos mostram que esse tipo de elogio pode provocar autocobrança, medo de encarar novos desafios e crenças limitantes, por exemplo: “E se eu não for tão bem na próxima?” ou “Só sou aceito e importante quando sou perfeito, portanto não posso errar!”

3 – COMPARAR A CRIANÇA

Às vezes, comparamos com a melhor das intenções, achamos que ao ver o outro a criança se sentirá motivada a tentar, mas esse tipo de atitude desencoraja a criança que se sente diminuída e frustrada. Apenas uma forma de comparação é bem vinda: comparar a criança de hoje com ela mesma no passado (ou com uma projeção futura). Assim:

Substitua: “Olha como fulana consegue fazer direitinho”, por: “Olha como você melhorou da semana passada para cá”. Ou, “Olha como ele presta atenção, você devia fazer igual!” por “Sei que você é capaz de focar na explicação agora!”

Uma outra opção seria: “Fulano é um exemplo pra turma! Todos deveriam fazer assim!!”, por “Sei que cada um está dando o seu melhor e na próxima aula poderão se esforçar ainda mais!”

4 – FOCO NO PROCESSO

O elogio visa o resultado: “Uau! Nota 10!! Você é maravilhosa!”, enquanto o encorajamento valoriza o processo: “Parabéns pelo seu esforço e dedicação”. Mas atenção: essa mudança é decisiva no desenvolvimento da motivação e engajamento da criança em novos desafios.

5 – DESLOCAR O JULGAMENTO EXTERNO

Ao invés de dar a sua opinião, experimente desenvolver o senso crítico da criança. Se o adulto diz o tempo todo o que ele acha, a criança não tem a chance de praticar a autoavaliação que é fundamental para desenvolver o autovalor, a autoestima e autoconfiança.

Ao invés de: “Eu adorei isso que você fez”, experimente: “Como você se sentiu fazendo isso?”. Ao invés de “Meu coração ficou muito feliz com isso!!”, tente; “Uau, imagino como você deva estar feliz por isso”.

Então é isso! Não precisamos parar de dizer elogios para nossas crianças, afinal, quem não curte um elogio? Faz bem pra alma, não é?. Mas podemos escolher com assertividade o que, como e com qual intensidade vamos dizer!

Escrito por: Marina Elias

Atriz e professora de Teatro da Petite Danse, pesquisadora Pós-Doutora pela Unicamp e professora do Departamento de Artes Corporais da UFRJ, atua nos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Dança. Bacharel, Mestre e Doutora em Artes Cênicas pela UNICAMP. Membro do Conselho Científico da ANDA, Associação Nacional dos Pesquisadores em Dança, e Fundadora do NUPI, Núcleo de Pesquisa em Desenvolvimento Socioemocional de crianças e adolescentes na UFRJ. Além disso, é orientadora Parental Certificada pela Positive Discipline Association, dos Estados Unidos.

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